Do gueto para o mundo. Influenciados pela cultura do Hip Hop, pelo street wear e pelo skateboard, dezenas de jovens transformaram a arte do grafite em uma mensagem de crítica social.
Em viadutos, muros ao lado de grandes avenidas e marginais, praças, aviões, carros, dentro de casas e até exposições internacionais, os desenhos expressam não só as mazelas existentes no Brasil e no mundo, mas também os próprios sentimentos dos artistas.
Do realismo ao improviso, por meio de diferentes influências artísticas e muitos estilos próprios, foi em São Paulo — também conhecida como a selva de pedra — que a maior parte dos grafiteiros nasceu e continua deixando suas marcas.
Para que você conheça mais sobre os artistas tops, elaboramos este post com o perfil de 6 nomes da vanguarda do grafite. Venha com a gente e veja como o spray pode construir um mundo de possibilidades!
1. Os gêmeos
O nome artístico é uma referência aos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, gêmeos, nascidos no bairro do Cambuci, em São Paulo, no ano de 1974. Desde pequenos, os dois utilizavam as tintas para brincar de uma maneira diferente.
Sempre contando com o apoio da família e influenciados pelo movimento do Hip Hop na década de 80, começaram a levar suas esculturas rua afora quando ainda tinham apenas 12 anos.
Com uma linguagem visual bem particular, eles saltaram do grafite para exposições e, hoje, possuem desenhos em vários países, como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Cuba e Espanha, entre outros.
Em suas obras, exploram muito a imaginação e as mazelas sociais. As abordagens remetem também à família, com traços sensíveis que tocam a percepção de quem vê. Já pintaram aviões e até mesmo a fachada do Castelo de Kelburn, na Escócia.
Nesta obra, reconhecida internacionalmente, a dupla contou com a ajuda da esposa de Otávio, Nina Pandolfo, também grafiteira e artista plástica. Assim como os Gêmeos, ela tem um talento ímpar e conta com desenhos espalhados por inúmeros países.
2. Crânio
Aos 16 anos, Fábio de Oliveira Parnaíba, o Crânio, começou a entrar na cena do grafite, levando sua arte aos muros até então cinzentos da capital paulista.
Com traços que exploram bastante o azul, o artista — nascido em 1982, na zona norte — conseguiu unir criatividade e crítica política, cultural e social, dando um toque divertido, por meio de personagens indígenas.
Sob influências de Salvador Dalí e desenhos animados, Crânio faz o público refletir, do consumismo exacerbado ao desmatamento, evidenciando um estilo único e marcante em seus traços.
Outro perfil dos desenhos do artista é destacado pelas frases existentes em suas obras, levando os cidadãos a pensarem sobre determinada situação exposta.
3. Kobra
Eduardo Kobra, também paulistano, utiliza uma técnica neo vanguardista que explora o psicodelismo e os traços em 3D, com muita cor, profundidade e realismo.
Personagens anônimos e famosos do século XX frequentemente estão inseridos em suas criações. As obras são ricas nos traços, com destaque para a luz e a sombra.
A arte do grafite de Kobra também ganhou o mundo, e ele evolui cada vez mais com projetos audaciosos, como a pintura de muros por meio do resgate da memória. Cenas nostálgicas sobre a história de São Paulo compõem a proposta desenvolvida pelo artista.
Seus desenhos também contam com outra particularidade: pontos tridimensionais que levam o público a interagir com as obras.
Kobra ainda cria arte com produtos recicláveis e novas tecnologias, além de ter sido o primeiro grafiteiro a pintar um pavimento em 3D, na Praça do Patriarca, no centro de São Paulo.
4. Binho Ribeiro
Sendo um dos pioneiros do grafite pelas ruas da capital paulista e também por várias cidades da América do Sul, Binho Ribeiro já deixava seus traços pelos muros desde 1984.
Sua experiência foi fundamental para disseminar a arte do grafite, influenciando várias gerações. Hoje, é o responsável pela Graffiti Fine Art, a bienal com exposições que divulgam os desenhos de inúmeros artistas da cena urbana.
Binho também atuou como cenógrafo em vários filmes, como Bicho de Sete Cabeças, O Magnata, entre outros, sem falar que sua arte já esteve em ilustres campanhas publicitárias, como da Ford, Sony e Ferrari.
Após mais de 30 anos de carreira, o artista foi agraciado com o livro Binho — o embaixador internacional do grafite. São 300 páginas que trazem suas obras, lançadas entre abril e maio de 2016, em Los Angeles (Estados Unidos).
5. Zezão
Artista underground, Zezão recebeu muitas influências de Binho Ribeiro e dos Gêmeos. No começo de sua carreira, o grafiteiro elegeu nada menos do que esgotos, estações de tratamento, bueiros e lugares totalmente inusitados para deixar suas marcas.
Ambientes abandonados também foram escolhidos pelo artista, onde, além de grafitar, aproveitava para fotografar seus desenhos. De 1995 para cá, Zezão evoluiu muito e hoje tem obras em muros de Paris e Los Angeles.
Além do grafite, ele foi skatista, mas teve que parar em razão de um acidente. Utiliza bastante o azul em seus desenhos e também ilustra restaurantes, casas e museus.
6. Anarkia Boladona
Natural do Rio de Janeiro, Panmela Castro, conhecida na cena urbana como Anarkia Boladona, é uma artista muito conceituada, levando a arte do grafite ao meio acadêmico.
Após se formar na Escola de Belas Artes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ela fez mestrado em processos artísticos contemporâneos na UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Em suas obras, Boladona aborda questões do universo feminino, mostra a violência doméstica contra as mulheres e defende os direitos humanos. Nascida em 1981, a artista ainda é empresária cultural e promotora de eventos sobre arte de rua, além de incentivar o grafite.
Em 2015, estava em uma lista da conceituada revista norte-americana “Newsweek”, que escolheu as 150 mulheres que sacodem o mundo. É curadora de várias artistas e criou a rede NAMI, uma organização de feministas que reúne talentos artísticos, com vários treinamentos e oficinas.
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