Raimundos foi uma das maiores bandas dos anos 90 no cenário do rock nacional. Com um estilo musical pesado e muita personalidade, Rodolfo e companhia conquistam fãs até hoje com letras e clipes únicos, que marcam todos os fãs de rock. Conheça um pouco da história da banda e descubra que não era só você que cantava “Eu quero ver o oco” diferente!
Como surgiu o Raimundos
A história da banda começou em Brasília, no ano de 1987. Rodolfo e Digão eram vizinhos e, entre uma conversa e outra, eles também faziam um som. Com Rodolfo na voz e na guitarra e Digão na bateria, faziam barulho tocando as músicas da banda preferia da dupla, os Ramones. Veio, então, a ideia de montar uma banda.
E, como em toda banda de rock que se preze, um baixista é mais do que necessário, Henrique Canisso foi convidado para integrar a banda. Com a entrada de Canisso surgiram as primeiras composições
O primeiro show do Raimundos
Os três tiveram a primeira chance de tocar para um público no réveillon de 1988, na casa de Gabriel, um amigo do trio. Apesar de ser uma apresentação para lá de modesta, esse é considerado o primeiro show da banda. Na plateia estava Fred Mello, que curtiu o som e, no futuro, se tornaria o novo baterista do grupo. A partir daí, os caras começaram a tocar em bares e pequenas festas para divulgar o seu trabalho. A banda fazia um certo sucesso: dizem que os shows do Raimundos sempre lotavam os espaços.
A formação da banda
No início dos anos 90, houve um hiato no Raimundos. Canisso foi estudar Direito na Universidade Federal de Brasília e virou pai. Digão, com problemas auditivos, largou a bateria para se tornar guitarrista. Rodolfo foi ser vocal em uma banda chamada Royal Straight Flesh.
A volta se deu apenas em 1992, com um convite para tocar em um bar de Goiânia. Só que a banda não tinha mais um baterista — Digão havia se tornado o guitarrista. A solução foi improvisar uma bateria eletrônica, que apelidaram carinhosamente de Verônica, mas que não funcionou como deveria no show. Ali ficou clara a necessidade de encontrarem um baterista.
Ainda em 1992, Fred entrou na banda e os shows voltaram a acontecer com frequência. O primeiro EP veio no ano seguinte, em 1993, e continha quatro músicas: “Nêga Jurema”, “Marujo”, “Palhas no coqueiro” e “Sanidade”.
O boom do Raimundos
Com o EP em mãos, a divulgação da banda começou. E o reconhecimento nacional surgiu quando uma dessas fitas parou nas mãos dos Titãs, que convidaram o grupo para abrir alguns shows na cidade do Rio de Janeiro. Ainda abririam shows para Ratos de Porão e Camisa de Vênus, chamando a atenção de grandes gravadoras do mercado nacional, que pediam para que o Raimundos diminuísse a intensidade do som e suavizasse as letras para produzirem os CDs da banda, pedido que era sempre negado. O primeiro disco só veio quando os Titãs lançaram um selo próprio, o Banguela.
O primeiro disco do Raimundos
O primeiro disco, assim como o EP, levava o nome da banda. Ele deu início ao estilo que viraria marca registrada do grupo, o “Forrócore”, onde o Rock hardcore se misturava com o forró e o baião nordestino para dar melodia a letras pesadas e bem humoradas. Neste álbum, surgiram músicas como “Puteiro em João Pessoa”, “Bê a Bá”, “Bicharada” e o grande sucesso da banda, “Selim”. O hit foi o grande impulsionador das vendas do CD da banda, que atingiram 250 mil cópias.
Com o sucesso, veio o segundo disco: “Lavô tá novo”, agora sob a produção de uma grande gravadora, a Warner Music. A produção do álbum ficou sob responsabilidade de Mark Dearnley, um americano que havia trabalhado com grandes nomes do Heavy Metal, como AC/DC, Black Sabbath e Def Leopard. As letras de baixo calão continuaram, agora baseadas em temas bem brasileiros, com um humor adolescente.
Com Mark Dearnley, o som da banda ficou mais pesado, e já se notava menos influência dos ritmos nordestinos. Aqui surgiram os clássicos “I Saw you Saying”, “Esporrei na manivela”, “Pintando no Kombão” e “Eu quero ver o oco”.
Eu quero ver o oco: a música que você sempre cantou errado
“Eu quero ver o oco” é uma composição de Rodolfo e Canisso. A letra fala sobre um acidente de Fusca que aconteceu com Canisso enquanto ele ensinava Rodolfo a dirigir. A letra original, seguida do som pesado da banda e a velocidade com que é cantada faz com que algumas pessoas, até hoje, cantem errado alguns trechos. Porém, o que pouca gente sabe é que o próprio Rodolfo, em alguns shows, altera a última frase — “achou que o filho festejava, era dia de Cosme e Damião” — deixando-a um tanto quanto mais imprópria, bem ao estilo da banda.
Do sucesso estrondoso ao hiato inesperado
Na sequência, a banda emplacou diversos hits, apareceu na Globo, tocou até mesmo no programa da Xuxa e foi a única banda brasileira no Monsters of Rock de 96, onde se apresentou junto a Motorhead e Iron Maiden, pra citar apenas duas bandas consagradas. O grupo tocou no Holywood Rock ao lado de Urge Overkill e Jimmy Page & Robert Plant e venderam quase meio milhão de discos com “Lavô tá novo”. Na sequência, veio “Cesta Básica” e o lançamento de um gibi da banda, o “Raimundo Comics”.
O terceiro disco veio em 1997. Chamado “Lapada do Povo”, foi gravado no estúdio Sound City, em Los Angeles, onde passaram bandas como Nirvana, Red Hot Chilli Peppers e Rage Against the Machine. Era esse o tamanho do sucesso da banda! Aqui surgiram sucessos como “Andar na Pedra”, “Nariz de Doze”, “Ui, Ui, Ui” e “Pequena Raimunda”.
“Só no Forevis” foi o quarto CD da banda e trazia “Mulher de Fases”, música que estourou e que foi a grande vencedora do VMB. Ainda foram destaques do álbum que vendeu 800 mil cópias “Me lambe” e “A mais pedida”.
Em 2000, foram a primeira banda a iniciar o projeto MTV ao Vivo, que trazia 38 músicas da banda gravadas em quatro shows ao vivo. No ano seguinte, veio o sétimo disco do grupo, o primeiro após a saída de Rodolfo, que se converteu ao protestantismo. Durante a turnê de “Éramos 4”, ainda haveria a perda de Canisso.
Depois de mais de sete anos andando escondidos da mídia, em 2008, a situação do Raimundos começa a mudar novamente. A turnê “A volta de Canisso” trouxe a banda de volta aos holofotes com gás total para fazer grandes shows e seguir empolgando os eternos fãs, além de conquistar novos seguidores, mesmo em uma formação alterada.
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