Skate sempre foi coisa de homem, certo? Errado: muito antes de Tony Hawk surpreender o mundo com suas manobras no skate vertical, uma mulher foi responsável por popularizar o esporte e se tornar a primeira mulher skatista profissional.

Em uma época em que o machismo era banalizado e muitas mulheres ainda eram consideradas inferiores aos homens, uma garota de 19 anos da Califórnia quebrou paradigmas ao surpreender o mundo praticando um esporte considerado tipicamente masculino. Patti McGee mudou o cenário do skate na década de 60 realizando manobras incríveis para a época, demonstrando uma personalidade carismática e divulgando sua paixão inigualável pelo esporte.

Se você é um entusiasta do skateboard, precisa conhecer um pouco mais a respeito de um dos maiores nomes da modalidade.

História

Considerada o maior ícone feminino da história do skate, Patti McGee nasceu no dia 23 de agosto de 1945 em Ocean Beach, na Califórnia. Como muitos skatistas da época, Patti começou sua vida no esporte em cima de uma prancha de surf nas ondas californianas quando tinha apenas 12 anos de idade.

Seu primeiro skate foi um presente de seu irmão: um brinquedo que estava em moda na época, feito de madeira maciça e rodinhas de ferro que ela tinha pretensão de usar como forma de praticar surf fora do mar. O skate estava em alta havia apenas quatro anos quando Patti surpreendeu a todos com suas manobras quase revolucionárias para e época, além de seu carisma inigualável.

Em 1965, com apenas 19 anos, Patti McGee venceu o primeiro campeonato de skate feminino e se tornou a primeira mulher skatista profissional ao ser patrocinada pela Hobie Skates, uma marca derivada da empresa Vita Pak. Não demorou muito para Patti ganhar status de celebridade. No mesmo ano foi capa da edição de maio da revista Life, uma das mais conceituadas revistas voltadas para estilo de vida da época.

Patti foi a cara da Hobie, uma das marcas de skate mais famosas das décadas de 60 e 70, e passou a se dedicar em tempo integral à promoção do esporte nos Estados Unidos. Fazendo tours por todo o país, Patti foi responsável por popularizar o esporte até, pouco mais de um ano depois, a moda do skate começar a diminuir.

Em 2010, Patti McGee recebeu um reconhecimento tardio pela sua participação essencial para a história do skate: foi a primeira mulher a entrar para o Hall da Fama do Skateboard da IASC (em português, Associação Internacional das Empresas de Skateboard).

Atualmente Patti vive em Phoenix, no estado do Arizona. Com sua filha Hailey Villa, fundou a The Original Betty Skateboard Company, empresa que, em parceria com a Pink Widow Distribution, fabrica produtos voltados para mulheres skatistas.

Alguns momentos marcantes de sua carreira como skatista:

• Primeira mulher a vencer o National Skateboard Championship, campeonato nacional de skate realizado na Califórnia, em 1965.

• Vencedora do sexto lugar no ranking de skatistas mais influentes de todos os tempos na segunda edição anual da Skateboarding Hall of Fame.

• Convidada especial na série americana What’s My Line em 1965.

• Convidada especial no programa Mike Douglas Show em 1965.

• Capa da quarta edição da Skateboarder Magazine.

Manobras

Conhecida por seu carisma, beleza e paixão pelo skate, Patti McGee conquistou fãs em todo o país ao realizar manobras quase revolucionárias para a época. Manobras hoje consideradas simplórias surpreenderam e lhe garantiram o título de primeira skatista profissional.

Algumas de suas manobras foram tiradas do surf, como walking the board, em que, a passos curtos e cautelosos, a skatista anda para frente e para trás em cima do shape. Sua manobra mais conhecida, considerada avançada até então, era a bananeira em cima do skate  manobra que lhe rendeu a capa da revista Life em 1965.

Na foto, Patti se equilibra de cabeça para baixo em cima do skate de forma quase natural. Para conseguir a fotografia perfeita, a skatista posou por mais de duas horas para o fotógrafo, equilibrando-se por 20 segundos a cada tentativa.

Kickturn e hanging hills eram outras manobras que Patti exibia quando se apresentava em público.

Em suas turnês pelos Estados Unidos, Patti popularizou o skate ao tentar ensiná-lo para todos os públicos com os quais tinha contato. Em suas aparições em programas de televisão, como o Mike Douglas Show, Patti ensinava para apresentadores e pessoas da platéia de forma bem didática, engraçada e descontraída. Quase sempre se apresentando descalça, Patti McGee conquistava pela humildade, educação e bom humor.

Quebra de paradigmas

As mulheres sempre lutaram por espaço e reconhecimento em um mundo dominado predominantemente por homens. Conquistar esses direitos no dia a dia sempre foi uma tarefa árdua, e no esporte nunca foi diferente: o skate foi (e ainda é) considerado uma modalidade voltada para o público masculino, o que torna todo o sucesso de Patti ainda mais admirável.

Patti McGee foi um símbolo da popularização do skate tanto pela paixão pelo esporte quanto pela sua forma espontânea e excêntrica de divulgá-lo. Foi a primeira mulher skatista a se profissionalizar em uma época quando o machismo era banalizado, principalmente em esportes considerados masculinos.

Ela é considerada pioneira no skate e um símbolo de força feminina ao dominar com maestria e paixão uma modalidade tipicamente masculina até então. Patti provou que as mulheres podem ser bem sucedidas em qualquer área, conquistando fãs de ambos os gêneros.

Patti inspirou uma geração inteira de mulheres skatistas que viram no esporte uma forma de escrever história. A skatista de Ocean Beach abriu portas para que grandes nomes do skate feminino, como Peggy Oki, Vanessa Torres, Lucy Adams e Hillary Thompson, pudessem deixar sua marca na história do esporte.

Até hoje, Patti McGee é lembrada por fãs do skateboarding como uma mulher essencial para a história da modalidade. Assim como ela, milhares de garotas sobem em cima de um skate todos os dias e impressionam com seu talento e determinação.

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