Com uma pegada mais adulta do que os outros filmes da franquia dos X-Men, Logan, de James Mangold, foi lançado no início deste ano. Por muitos críticos, ele vem sido apontado como o melhor filme dos mutantes, devido ao tom denso e complexo que ganhou.
É preciso reconhecer que a aclamação é mais do que merecida: diversos fatores elevam o nível da produção e fazem com que ele seja um desses filmes para você ver sempre. Confira-os e descubra 7 motivos que tornam Logan incrível!
1. A trama
A história se passa no ano de 2029, em um futuro miserável para os mutantes, em que todos já morreram, após inúmeras perseguições, exceto o Wolverine, o Professor Xavier e o ex-vilão, Caliban. Os últimos mencionados se encontram escondidos no meio do deserto e sem a fortuna habitual dos X-Men.
Em grande decadência, Logan já é um homem velho e trabalha como chofer para sustentar o professor, um idoso enfermo com Alzheimer que é cuidado por Caliban. Todo mundo que já viu qualquer filme dos X-Men ou leu os quadrinhos sabe de suas habilidades telecinéticas poderosas, mas imagine isso combinado à doença degenerativa.
Se nos filmes anteriores os mutantes já eram considerados perigosos, nesse eles ficam ainda mais. A cena com o professor Xavier dando uma convulsão coletiva em todo um hotel em Las Vegas é inesquecível.
Como sempre, mutantes inéditos surgem para complementar a história. Não é nem preciso dizer que a X23 é fantástica, o desenvolvimento e a profundidade emocional de todos fazem o filme valer a pena.
Essa nova realidade se destaca dos enredos anteriores por apresentar um novo lado para os mutantes, no qual já não há a possibilidade de melhorar. Não é nem mesmo viável retornar ao passado, como no também ótimo X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, somente buscar pela sobrevivência.
2. Timing correto
Desde que o primeiro X-Men estreou, em 2000, Hugh Jackman foi a marca registrada do Wolverine, ao interpretá-lo em 7 filmes, incluindo mais dois em que aparece, porém não chega a ser creditado por suas breves cenas.
Após 17 anos como o mesmo personagem, eles acertaram em cheio ao retratar o herói de forma desgastada, até porque o ator não aparenta mais ser tão jovem. Agora, Logan já demora para se recuperar, não possui mais toda a sua agilidade e chega a levar algumas surras feias.
Além disso, esse é provavelmente o último filme dos X-Men em que o Hugh Jackman vai atuar. Não só ele, mas também o Patrick Stewart, que interpreta o Professor Xavier, deve se aposentar do papel.
Considerando todos os filmes em que eles contracenaram, podemos ver um desenvolvimento de uma relação quase entre pai e filho. A abordagem mais dramática e pessimista de Logan mostra o melhor deles em uma atuação emocionante.
O aspecto visceral também parte para o campo dos sentimentos, que fazem até dar uma choradinha.
3. X23
Revigorando a franquia, a despedida do Professor Xavier e do Logan pode abrir espaço para uma nova heroína. Com o mesmo apelo com que Millie Bobby Brown — a Eleven de Stranger Things — nos conquistou, Dafne Keen está causando o mesmo furor ao interpretar a X23.
A nova mutante é a filha do Wolverine e foi projetada com seu material genético em um laboratório clandestino, junto a outras crianças mutantes. Sua história se parece com a do pai, sendo vítima de experiências e ganhando um instinto animalesco.
As habilidades dela também incluem o fator de cura acelerada e suas garras de adamantium, que ganham algumas novidades. Em cada mão, são somente duas garras, mas a heroína tem, como acréscimo, mais uma lâmina em cada um de seus pés.
Segundo o professor Xavier, as poderosas garras nos pés são por ela ser mulher, se assemelhando ao papel das leoas como caçadoras em seus bandos. Isso deixa o filme ainda mais bacana, ao reconhecer a importância do poder feminino.
Parece até chocante, mas a garotinha dá um show na luta. Além disso, é impossível não ficar tocado com sua evolução sentimental ao longo da trama, não é mesmo? Sem falar quase nada até o final, todo mundo se emocionou com sua relação crescente com seu pai.
4. Violência gratuita
É inevitável que aquelas lâminas do Wolverine, capazes de cortar tudo, fossem fazer um estrago, não é mesmo? Finalmente, elas realmente mostram ao que vieram e provocam um banho de sangue nas telas.
Considerando que aparecem três versões de mutantes com dons parecidos com os de Logan — além da X23, temos outro filho do Wolverine, porém um vilão —, o aspecto visceral fica ainda mais potente. São membros arrancados a toda hora, o que torna o filme ainda mais excitante.
Os Carniceiros, o exército ciborgue que está atrás das crianças mutantes, também são ótimos acréscimos. Eles foram os responsáveis pela destruição dos mutantes e diversas partes de seus corpos são próteses robôs, possivelmente devido às lutas que tiveram.
5. Intertextualidade
Nos outros filmes dos X-Men, o enredo tratava da história de sua formação e batalhas épicas, certo?
Em Logan, os quadrinhos aparecem e, em uma jogada sarcástica, são colocados como obras quase fora da realidade. O personagem principal já avisa que metade do que está lá não aconteceu de verdade, e a outra metade aconteceu de forma diferente do mostrado.
O clima é elaborado para desconstruir a hype dos super-heróis e mostrá-los mais humanizados, apesar de todo o sentimento de amargura dos mutantes.
Os personagens ganham vulnerabilidade e trabalham com emoções mais profundas, diferenciando o filme do clichê forte e da dualidade dos outros filmes. Agora, é possível se reconhecer mais nos heróis, o que se provou uma jogada sensacional.
Ainda assim, o roteiro permite ter um pouco de esperança. O ponto de encontro das crianças mutantes tinha sido definido como o Éden, um local onde os heróis estariam a salvo, porém que foi tirado de uma história dos quadrinhos. Ao chegarem lá, o grupo se reúne e, ao que tudo indica, consegue atravessar até o almejado lugar de segurança.
Já que Hugh Jackman e Patrick Stewart estão se aposentando, pode ser uma oportunidade incrível para uma sequência mais otimista com uma geração mais jovem e poderosa.
6. Old Man Logan
O filme é baseado na série de quadrinhos Old Man Logan, lançada em 2008. A série se passa em um futuro alternativo, no qual os vilões superaram os super-heróis.
Essas edições apresentam diversos personagens da Marvel e Fox unidos, com o Hulk e o Gavião Arqueiro. Porém, devido aos direitos autorais, eles não puderam aparecer no filme.
Dessa forma, é apenas uma leve inspiração nos quadrinhos, mas importante para a história da franquia e por aprofundar o desenvolvimento de um personagem fantástico, ainda que seja o seu último momento.
Até então, somente a trilogia do Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, havia feito tanto sucesso comercial e crítico com essa abordagem densa e sombria para um herói popular. Mesmo que o Logan tenha morrido e dificilmente tenhamos um próximo Wolverine por um tempo, é possível ter esperança de novos filmes maduros assim.
7. Faroeste
Ao longo do filme, são feitas diversas homenagens a filmes de faroeste, um dos gêneros favoritos de Tarantino.
A trama de um homem envelhecendo pode ser tomada como uma inspiração no aclamado Os imperdoáveis (1992), de Clint Eastwood. Durante o filme, o professor Xavier também faz alusão ao clássico Os brutos também amam (1953), de George Stevens.
As referências são constantes, como as perseguições no deserto, X23 montada em um cavalo de brinquedo, a cena de assalto a loja, as cenas na fazenda, os carros antigos e a clara rivalidade entre os caras bons e maus, mesmo que todos bem durões.
Tudo isso forma uma combinação perfeita com a atmosfera mal-encarada que o Wolverine sempre teve.
Se esses 7 motivos não bastaram para você amar o filme, talvez seja melhor você revê-lo. Definitivamente, ele merece o posto de ser um dos melhores da franquia dos X-Men. A violência e a profundidade que deram ao personagem foram essenciais e a melhor despedida possível, após seus filmes solos.
Após Deadpool e, agora, Logan, é possível esperar filmes de super-heróis com conteúdos melhores e mais desenvolvidos. Os heróis passam suas tramas inteiras lutando, então uma dose de violência acaba sendo um bom acréscimo, certo?
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